Em dezembro de 2014, em Botafogo, meu namorado entrou numa
famosa loja de lingerie para escolher algumas peças com o objetivo de me fazer
uma surpresa. Aliás, ele sempre compra lingeries pra mim e eu adoro. Sempre
fazemos compras juntos, sejam roupas para ele ou para mim. Qual é o problema?
Sei que muitos homens odeiam ter que acompanhar suas esposas, namoradas às
lojas, mas não somos assim.
Bem, o fato curioso é que quando ele entrou na tal loja em
Botafogo sozinho ele ouviu a vendedora gritar bem alto: “Tem homem na loja!”. À
princípio ele ficou meio assustado e chegou a pensar que alguma mulher pudesse
estar andando pela loja vestida somente com uma lingerie mas não havia ninguém.
As mulheres que estavam experimentando lingeries estavam todas dentro de suas
respectivas cabines. Agora pergunto: Por que o estardalhaço, o espanto, a voz
alarmante? Bom, passado este incidente, meu namorado pediu que a vendedora lhe
mostrasse algumas peças. Aí veio outra surpresa. Ela passou a olhar para ele com
cara de desprezo e muita desconfiança. Ele começou a se sentir incomodado com a
situação e quando você pensa que ela não pode piorar... acredite, ela pode.
Naquele exato momento uma senhora que estava na porta da loja falou no celular
com outra pessoa: “Aqui não tem roupa pra homem”, olhando para meu namorado de
cima a baixo. Então você não sabe se ri, se vai embora ou dá uma resposta
adequada a essa pessoa tão grossa, mal educada, desrespeitosa e preconceituosa.
Fico me perguntando até hoje por que ela e a vendedora pensaram que meu
namorado era homoafetivo só porque ele estava comprando uma lingerie.
É, o preconceito está no ar. Imagina se
entrasse um homoafetivo naquela loja para comprar alguma lingerie para ele.
Óbvio que seria discriminado e isso não se faz nem com ele nem com ninguém.
Desse lado do balcão somos todos clientes. E cada um compra o que quer para si
ou para outrem. Ou as lojas querem escolher seus clientes e não fomos avisados?
Será que numa crise econômica como essa que estamos passando, o cliente deixou
de ser cliente? É a loja quem manda? Fica aí uma reflexão para todos. Quanto ao
meu namorado, bem, ele ficou tão indignado que foi embora sem comprar nada e
disse que não voltaria mais lá. Ou seja, mais uma loja que perde um bom cliente
por falta de bom atendimento.